Em 7 de julho de 1977, Frank Press escreveu um memorando interessante para Jimmy Carter, então presidente dos Estados Unidos. O memorando é intitulado “Liberação de CO2 fóssil e a possibilidade de uma mudança climática catastrófica”.
Frank Press (1924-2020) foi um geofísico americano, conselheiro de quatro presidentes dos Estados Unidos, membro e presidente da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos e autor de 160 artigos científicos. Fonte: Wikipedia
Colocando em perspectiva, naquela época, alguns anos após a Crise do Petróleo de 1973, a população mundial girava em torno de 4 bilhões de pessoas, considerando que o número agora dobrou para 8 bilhões de pessoas.
Voltando ao memorando de 1977, é um documento de importância histórica.
E merece tradução para outras línguas. Abaixo, 4 partes selecionadas, traduzidas para o português.
“A combustão de combustíveis fósseis aumentou a uma taxa exponencial nos últimos 100 anos. Como resultado, a concentração atmosférica de CO2 está agora 12% acima do nível pré-revolução industrial e em 60 anos pode aumentar mais 1,5 a 2,0 vezes. Devido ao “efeito estufa” do CO2 atmosférico, o aumento da concentração induzirá um aquecimento climático global de 0,5° a 5° C.” …
“Uma rápida mudança climática pode resultar em quebras de safra em grande escala em um momento em que o aumento da população mundial “tributa” a agricultura até os limites da produtividade. A urgência do problema deriva de nossa incapacidade de mudar rapidamente para fontes de combustíveis não fósseis, uma vez que os efeitos climáticos se tornão evidentes não muito depois do ano 2000; a situação pode ficar fora de controle antes que fontes alternativas de energia e outras ações corretivas se tornem efetivas” …
“Como você sabe, este não é um problema novo. O que é novo é o crescente do apoio “de peso” científico, que eleva o impacto da relação CO2-clima, de mera especulação para uma hipótese séria e digna de uma resposta, que não seja nem complacente nem de pânico” …
“No entanto, acredito que agora devemos levar em consideração o risco potencial de CO2 no desenvolvimento de nossa estratégia energética de longo prazo. Além da conservação, devemos estar preparados para explorar a energia nuclear mais plenamente. E como um “seguro” contra a dependência excessiva de uma economia de energia nuclear, devemos enfatizar a pesquisa básica direcionada que pode levar ao avanço da eletricidade solar, conversão de biomassa ou outras fontes de energia renováveis”.
Abaixo o memo completo.