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Jet Streams, os “rios de ar” (ou melhor, “corredeiras de ar”?). Estudo analisa o aumento de turbulências severas na atmosfera. E alerta a aviação.

Sexta-feira, 06 de setembro de 2024.


Encerrando uma semana de posts sobre algumas perspectivas científicas do clima - geologia, oceanos e o carbono - hoje trataremos da atmosfera.


Estudos já haviam indicado que a turbulência severa na atmosfera aumentaria significativamente nas próximas décadas, à medida que as temperaturas também aumentam.


Inclusive alertado a aviação a respeito.


O estudo em questão hoje é da University of Reading da Inglaterra, focando nos impactos do aquecimento global nos chamados “Jet Streams”.


Mas o que são Jet Streams?


Como já indicado no título, são basicamente “rios de ar”. Ou talvez melhor, a partir de agora, “corredeiras de ar”.


Mais especificamente, segundo a NOAA, National Oceanic and Atmospheric Administration dos Estados Unidos, Jet Streams são correntes de ar que se movem em altitudes elevadas, cerca de 9 mil metros acima do nível do mar, e em altíssimas velocidades, entre 130 e 230 km/hora.


Jet Streams ocorrem tanto no hemisfério norte quanto no sul, subdivididos entre polar (frio) e sub-tropical (mais quente), soprando do oeste para o leste, e frequentemente oscilando também entre norte e o sul.


Sobre a velocidade do ar, uma analogia. Já deve ter visto que um disco roda mais rapidamente nas bordas do que no centro, não? Pois o mesmo ocorre no globo terrestre. A velocidade de rotação no equador é bem maior do que nos Pólos, os eixos onde a Terra gira. Isso faz com que o ar ganhe “um impulso maior” na faixa equatorial. Esse é, por exemplo, um dos motivos de ser ali onde usualmente surgem os furacões. Aliás, sabe a diferença entre furacões, tufões e ciclones? Apesar de serem o mesmo fenômeno atmosférico, mudam de nome em função do oceano onde surgem: Atlântico, Pacífico e Índico, respectivamente.


A posição dos Jet Stream também “segue o Sol”, em especial quanto às estações. À medida que a elevação do Sol aumenta a cada dia na primavera, a posição média do Jet Stream caminha em direção aos pólos. e à medida que o outono se aproxima e a elevação do Sol diminui, a latitude média do Jet Stream move-se em direção ao equador.



De volta ao estudo University of Reading, aqui as 3 principais conclusões da modelagem climática realizada:

  • As turbulências do ar mais que duplicarão em alguns locais até 2050-2080;

  • Aumento da frequência de turbulências mais severas;

  • Maiores aumentos a 12 mil metros de altitude.


Trata-se pois de importante ponto de atenção para o setor da aviação, já que os solavancos durante vôos, por serem tanto indetectáveis pelos atuais sensores a bordo quanto invisíveis a olho nu, tem sido inevitáveis pelos pilotos.


Apesar do estudo ser de 2017, casos de acidentes devido a turbulências tem sido cada vez mais frequentes. Torna-se portanto importante melhorar as previsões e o planejamento de voo, limitando assim o desconforto e eventuais lesões aos passageiros e tripulação.


Clique na imagem abaixo para ler o estudo em questão. E aqui para um press release.


Há também o video “Climate change makes flight times longer” no YouTube, dos próprios autores.


Como verá, cita que para os vôos no trecho Londres - Nova Iorque, onde a velocidade do Jet Stream aumenta cerca de 15%, os vôos gastarão anualmente um total de 2 mil horas a mais, além de US$ 22 milhões extra em combustível. Para não falar em mais emissões, alimentando o próprio ciclo.



Cross section of the Northern Hemisphere showing jet streams and tropopause elevations.Portal Jet Stream NOAA.
Cross section of the Northern Hemisphere showing jet streams and tropopause elevations.Portal Jet Stream NOAA.

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