Quinta-feira, 19 de setembro de 2024.
Ontem postamos partes da carta que o Brasil enviou à Comissão Europeia em 11 de setembro de 2024, a propósito do regulamento anti-desmatamento da União Europeia (EUDR).
Resumidamente “… motivo de séria preocupação para diversos setores exportadores brasileiros e para o Governo brasileiro. O Brasil é um dos principais fornecedores para a UE da maioria dos produtos objeto da legislação… medidas unilaterais coercivas e punitivas minam a confiança nas contribuições nacionalmente determinadas quando utilizadas como justificativa para a imposição de barreiras comerciais…”.
No dia seguinte, 12 de setembro, em conferência de imprensa, o chanceler alemão Olaf Scholz disse ter solicitado a Ursula von der Leyen a suspensão da nova lei anti-desmatamento da UE. No seu caso, partilhando a preocupação dos editores alemães - a pasta e o papel estão listados como produtos de madeira (ver link de ontem para o Anexo 1) - que em março passado já tinham indicado o regulamento como “praxisferne Vorgaben und eine weitere drastische Bürokratiebelastung für Unternehmen” (requisitos impraticáveis e carga burocrática drástica para as empresas)
“Os funcionários da UE admitiram que estão potencialmente considerando um adiamento da implementação ou, alternativamente, uma simplificação das regras.” acrescentou a Euronews em artigo sobre a carta brasileira.
Como podem ver, com a explosão da inflação pós-COVID, como consequência de questões das cadeias de fornecimento global, e além do CBAM, o Carbon Border Adjustment Mechanism também da União Europeia, existem outras preocupações sérias no comércio internacional, de alguma forma relacionadas com a adaptação climática.
Sem falar na impressionante dinâmica de agravantes naturais, como extensos incêndios florestais, inundações destrutivas, super furacões e secas históricas.
Por último, aqui está um relatório interessante da OCDE "The role of carbon pricing in transforming pathways to achieve net zero emissions: Insights from current experiences and potential application to food systems".
O relatório analisa os regimes de comércio de emissões ou de tributação do carbono nos sistemas alimentares - que já enfrentam barreiras técnicas, metodológicas e geopolíticas significativas - e adicionalmente indica que 29,3% da população mundial (2,3 bilhões) sofre de insegurança alimentar e quase 10% (828 milhões) sofrem de fome.
Repleto de ótimos gráficos e tabelas, do Resumo Executivo citamos:
O baixo preço do carbono ainda prejudica o seu papel na transição para emissões net zero
As transições precisam ser cuidadosas e levar em conta aspectos de justiça
Para uma transição justa, as políticas de oferta e demanda devem ser abrangentes e simultâneas
A descarbonização dos sistemas alimentares não é simples
Clique na imagem abaixo para ver o relatório.